História de São José da Laje

Até que um dia

O que fazer?
O QUE FAZER ? - Ter paciência e rezar. Ter fé em Deus e orar. Enxugar o pranto e rezar. Ir em frente e orar.
Texto: Daslan Melo Lima
ATÉ QUE UM DIA - A lama vai passar um dia. A dor vai diminuir um dia. Até que um dia não reste mais lama, apenas a recordação e esta fotografia
Texto: Daslan Melo Lima
UM SOCO NO ESTÔMAGO - “ Destruição causadas pelas enchentes em Alagoas assume dantescas proporções
Texto: Daslan Melo Lima
A MÁQUINA POR TESTEMUNHA - A máquina foi utilizada para costurar o vestido de alguma Maria ou a camisa de algum José. Mil vezes a festa sem roupa nova do que José ter perdido Maria e Maria ter perdido José
Texto: Daslan Melo Lima

Um soco no estômago

A maquina por testemunha
Enchente de 1969
No dia 14 de Março de 1969 a cidade de São José da Laje veio abaixo. Uma enchente no Rio Canhoto ultrapassou seus limites e, invadindo ruas e vielas, causou mais de mil mortos, derrubando centenas de residências e prédios comerciais e até hoje é uma tragédia inesquecível.
A LAMA - Que haja sol para a lama enxugar. Que haja alento para na esperança confiar
Texto: Daslan Melo Lima

A lama
RODA - A roda por ser roda não chora. As pessoas por serem humanas rodam e choram.
Texto: Daslan Melo Lima

Roda
A população já adormecera, pela noite houve a festa do Padroeiro São José, e todos foram colhidos de surpresa pela violência das águas que destruía toda cidade. O rio canhoto virou mar e quase sepultou a cidade. A tragédia, um dos maiores desastres naturais já ocorridos no planeta, foi notícia no mundo inteiro
Os que contam a tragédia dizem que se ouviu um pavoroso rugido, como o de um animal feroz se libertando. Os gritos se ouviram imediatamente, mas a tragédia tinha se iniciado e era impossível detê-la. Primeiro um rugido, como uma fera se libertando. Depois as águas foram tomando conta da cidade, levando homens, mulheres, crianças, destruindo o que houvesse. São José da Laje tornou-se ruína. (Revista O CRUZEIRO, 27/03/1969).

O filho de Severino Francisco de Araújo acordou chorando à 0h45min da madrugada. Este simples contratempo fez com que Severino, comerciante de São José da Laje, fosse a única pessoa a saber a hora exata em que começou a inundação. Severino também foi o primeiro a ouvir os gritos de uma mulher, que corria pelas ruas, assustada, alertando os vizinhos:
- O rio transbordou, vamos todos morrer afogados.
Tudo aconteceu numa rapidez incrível. O vigário correu para tocar os sinos da igreja, mas já era tarde demais: a cidade estava desperta, desarvorada com os postes que caíam e as casas que desabavam. (Revista Fatos & Fotos,03/04/1969)
Primeira página do Diário de Pernambuco, 16/03/1969
Destruição causada pelas enchentes em Alagoas assume dantescas proporções. São José da Laje é agora uma cidade que as águas riscaram do mapa. É impossível calcular-se o número de pessoas que morreram.



A DESOLAÇÃO - “Encravada no sopé da Serra da Canastra, a cidadezinha de São José da Laje, com uma população de 30 mil habitantes,se apresenta dizimada e poderá desaparecer do mapa alagoano se persistir agora as chuvas ...” ***** “ Católicos fervorosos, os habitantes de São José da Laje estavam festejando o padroeiro da cidade,e para isso haviam engalanado as ruas...” ***** “ O Prefeito Oscar Alves de Andrade, que decretou calamidade publica na cidade,disse que somente em 1945 se verificou uma enchente de tamanhas proporções na cidade.” JORNAL DO COMMERCIO, Recife, Domingo, 16/03/1969

SEPULTADOS 89 EM SÃO JOSÉ DA LAJE - Diário da Noite - Ano 24 - Nº 63 - Recife, 2ª feira, 17/03/1969.
UMA FLECHADA NO CORAÇÃO - A antiga Igreja de São José não resistiu às fúrias das águas. A foto acima foi estampada na primeira página do JORNAL DO COMMERCIO - Recife - Domingo, 16 de março de 1969.


DRAMA - “O drama de São José da Laje é falta de água potável. Médicos e estudantes de medicina que estão socorrendo a população não têm água nem para esterilizar os seus instrumentos. Isso tem prejudicado até a tarefa de alimentar os desabrigados, porque todos os gêneros enviados necessitam de água potável para o seu preparo, assim como leite em pó e charque.” - DIARIO DA NOITE - Ano 24 - Nº 63 - Recife, 2ª feira, 17/03/1969.


A ESPERA -Uma longa fila de flagelados esperava alimentos doados pelas autoridades às vítimas das enchentes em São José da Laje. - JORNAL DO COMMERCIO - Recife- Domingo,16 de março de 1969.

A FORÇA DAS ÁGUAS - "Airton Tenório Cavalcante, Juiz de Direito, estava desconsolado O rio levara todos os ses arquivos e documentos. Os corpos conhecidos , desconhecidos e irreconhecíveis eram enterrados sem distinção e sem controle. Não havia tempo para nada. Pelos escombros, as pessoas param e perguntam indiscriminadamente pelos parentes desaparecidos. > O senhor viu Toninho ? É um garoto de cabelo curto, barrigudinho, tem uma pinta no rosto < ". ***** " Um velho se aproxima e impede que se tirem fotos de sua casa destruída. Havia perdido a filha e a memória. Carregava uma caixa na mão e falava coisas desconexas.” – Revista FATOS & FOTOS, 03 de abril de 1969.
GOVERNO ANUNCIA QUE 233 CADÁVERES FORAM ENCONTRADOS ATÉ AGORA - AINDA CHOVE EM TODO O VALE DO MUNDAU - “Na cidade de São José da Laje as buscas continuam intensas, em meio a uma fedentina insuportável. Tal fato alertou as autoridades sanitárias para uma possível epidemia,mas a vacinação em massa,a farta distribuição de antibióticos e outras medidas preventivas afastaram essa hipótese.Apenas ocorreu um caso de tifo.Cerca de 10 mil pessoas já foram vacinadas contra vários tipos de doença” – DIARIO DE PERNAMBUCO – Terça feira, 18/03/1969.